segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Hoje

Quero tomar um café com você

Em Bajo Caracoles

Bem na época em que de lá o vento foge


Quero encontrar seus dedos

passeando pelos grãos de açúcar caídos na mesa


Depois de um tempo,

Se houver alguma chance, você estará um gelo

Pouco à vontade

Pela saudade que sopra qualquer palavra boba


Ou então,

vai procurar meus olhos

assim que tirar o óculos


E, em um corredor de ar,

Vai me dizer tudo

Em silêncio


Talvez me mande embora

pague a minha passagem de volta
para não se incomodar


Você poderia me visitar

Jogar na minha cara tudo que fiz

Chorar a dor

E me beijar de amor


Quem sabe mandar um recado?

Eu poderia mandar uma carta


Só para você abrir

E descobrir o meu amor

Como se fosse novidade


E se você não abrir?

Eu viajo para longe

Esqueço o seu endereço

O seu nome e o seu cheiro


Eu podia parar de pensar

E agir na sua direção

Mesmo que não adiante

Mesmo que eu sinta medo


Eu só queria me encontrar em você.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Um par.

Me convidei para passear

E foi tão bom

E foi tão ruim



Os dedos dos pés molharam na grama

Congelaram com o tempo

Ficaram duros como pedra



As pernas

(de fora)

Corriam para esquentar

Ou fugiam para não entrar na casa



Vazia



Contei as horas

Os minutos

E todos meus segredos



Para o alto do muro



Com a mão direita

Toquei o ombro esquerdo

Com a mão esquerda

Toquei o ombro direito

Joguei a cabeça para cima



E esperei



Mas por trás do muro não havia ninguém



Molhei os joelhos na grama

Agarrei o escapulário

Juntei as mãos e pedi:





Um par de olhos

Para me cuidar enquanto durmo



Um par de mãos

Para me puxar de volta quando eu quiser partir



Um par de pernas

Para me abraçar durante as noites



E ganhei




Um par de silêncio

Em meus ouvidos





Julia Duarte