Ela me acenava
Cada vez que partia pra Porto Alegre
Quando voltava
Levantava as sobrancelhas
Mirava o queixo na minha testa
E os olhos escapavam
Por baixo das grossas lentes
De coxas macias e quentes
Eu me fartava
Ela abria um livro
Eu fechava a boca
E a rede balançava
O ar que vinha do mar
Disfarçado de brisa
Já anunciava o furacão
Mas enquanto isso
Eu voava com o timbre
De voz que percorria palavras impressas
Eram estórias
Cantadas
Eu saí do colo
E a chuva marca o tempo
Anos e anos
Desenlaçando
A família
Com desdém
Ela enterrou seu sobrenome
Em mim.
Julia Duarte.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
quinta-feira, 3 de julho de 2008
O que virá?
Nem Deus
Ousaria me contar
Não por não querer
Ou esconder dizeres
Atrás dos lábios
Não por mistério
Crescer por conta
De um causo
De um silêncio
Que se faz vazio
E instiga
Me come
Mastiga a carne
Depois
Bate o bife
Das costas
Joga
No canto
Do canto escuro
Me tira
Um sonho
Que dorme
Amanheço
Com a boca
De formigas
E cuspo
Esvazio o peito
Busco teus olhos
Com medo
Que você
Não me busque.
O que nem Deus sabe, assusta.
Julia Duarte.
Ousaria me contar
Não por não querer
Ou esconder dizeres
Atrás dos lábios
Não por mistério
Crescer por conta
De um causo
De um silêncio
Que se faz vazio
E instiga
Me come
Mastiga a carne
Depois
Bate o bife
Das costas
Joga
No canto
Do canto escuro
Me tira
Um sonho
Que dorme
Amanheço
Com a boca
De formigas
E cuspo
Esvazio o peito
Busco teus olhos
Com medo
Que você
Não me busque.
O que nem Deus sabe, assusta.
Julia Duarte.
Assinar:
Postagens (Atom)