Eu era uma zebra
Preto no branco
Branco no preto
Cor sim
Cor não
Beijava o vento
Deitava na grama
Corria sem dó
De ser só
Pulei a cerca
Desfiz o vestido da moça
Adormecida de susto
Fugi da baia
Sequei a saliva
De tanto correr
De tanto querer morrer
Não é fácil
Viver pela metade
Chorar de saudade
Mandei telegramas
E nada descobri
Órfão desde sempre
Chorei
Zoológico
É o Carandiru dos animais
Morri de mim
Encontrei o menino
Que me ensinou a dançar
Dois pra lá, dois pra cá
E comecei a viver
No circo
E lá
Trabalhava um mágico
Que também era empacotador de supermercado
Ela fazia tudo desaparecer
Implorei
Mas ele negou
Paguei
Mas ele não aceitou
Decidi
Dar uma de equilibrista
Herdei ainda mais listras
Marcas da rede de proteção
Que me devolveu
Para sempre
Deu zebra.
terça-feira, 1 de abril de 2008
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