Lembro do adeus
Que guardei
Nas mãos
Que não acenaram
Lembro do beijo
Que carrego
Até hoje
Dentro da boca
Lembro da carta
Que guardo
No guardanapo
Amassado
Lembro da foto
Recém tirada
Com a dedicatória
Em branco
Lembro da noite
Triste
Que ensaiei
A serenata
Lembro da dor
Que guardo nas costas
Embaixo da nuca
Pelada
Lembro do amor
Que nunca te dei
Lembro de você
E sufoco.
Julia Duarte.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
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Um comentário:
acho que lembranças são traiçoeiras. Elas mudam com o passar do tempo. Nos traem. Porque alteramos inconscientemente nossas memórias. O mal some, ou ganha proporções maiores. O bom da mesma forma. O que era real? Então a resposta está no coração. Pq a lembrança do amor verdadeiro não muda. Da essência de que éramos. E a maior lembrança, a mais dolorida era essa: quem eu era com aquele amor. Abrir mão do amor, que vira uma lembrança, é abrir mão de quem já fomos, de alguém que existiu, e morreu. Virou passado. E como essa nova pessoa que somos, depois de um novo nascimento, pode se lembrar de alguma coisa, se essa nova pessoa não tem passado? Totalmente controverso. Eu renasci, mas meu coração ainda bate forte pelo que lembro, ainda que totalmente alterado.
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