terça-feira, 2 de dezembro de 2008

...

Quando eu escrevi você
Peguei cada palavra
e lapidei

Ferí a ponta
do lápis
que se desfez em linhas retas

E pensamenos tortos

Quando eu escolhi você
Escondi minha tristeza

Coloquei versos na gaveta
E de roupas pretas se fizeram os pobres

Quando eu beijei você
Cobri o fio dos dentes com a língua

Não bebi nem fumei
Durante vinte e quatro horas

Quando eu dormi com você
Fiquei acordada
controlando a respiração

E quando você despertou
Eu já estava de batom

Quando eu me perdi de mim
Você estava em meu lugar

Usando minhas roupas
E as minhas palavras

Quando eu cansei de você
Me guardei.


Julia Duarte.

2 comentários:

Sr. Despedaça Corações disse...

Não controle a respiração.
Descontrole-se.

E quando souberes viver em mim.
Terás em tu o perfume de jasmim.

Heyk disse...

Agora, depois de ter lido três poemas (dizem que pra saber um pouquinho do que se trata é preciso ler dez), eu já corro perto de alguns fios que você puxa. E gosto. Não tenho nada a ver com isso. E nem faço nada assim. Mas toca. E eu engenheiro bêbado da coisa, fico surpreso quando alguém só com sentimento e descrição me pega assim. Muito bonito.