Me convidei para passear
E foi tão bom
E foi tão ruim
Os dedos dos pés molharam na grama
Congelaram com o tempo
Ficaram duros como pedra
As pernas
(de fora)
Corriam para esquentar
Ou fugiam para não entrar na casa
Vazia
Contei as horas
Os minutos
E todos meus segredos
Para o alto do muro
Com a mão direita
Toquei o ombro esquerdo
Com a mão esquerda
Toquei o ombro direito
Joguei a cabeça para cima
E esperei
Mas por trás do muro não havia ninguém
Molhei os joelhos na grama
Agarrei o escapulário
Juntei as mãos e pedi:
Um par de olhos
Para me cuidar enquanto durmo
Um par de mãos
Para me puxar de volta quando eu quiser partir
Um par de pernas
Para me abraçar durante as noites
E ganhei
Um par de silêncio
Em meus ouvidos
Julia Duarte
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
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2 comentários:
pitinha, quase uma raul seixas, lindo esse poema, uma letra de música que toca, tipo los hermanos, que acabou... estou orgulhosa de ti, por estares forte, seguindo em frente. te amo muito. e não te preocupa que os dedos ficam duros mas não caem ;)
beijo
Lindo, como tudo que escreves. Triste? Não sei. Talvez no fundo, tudo que a personagem realmente quisesse, era o par de silêncio.
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