Ela me acenava
Cada vez que partia pra Porto Alegre
Quando voltava
Levantava as sobrancelhas
Mirava o queixo na minha testa
E os olhos escapavam
Por baixo das grossas lentes
De coxas macias e quentes
Eu me fartava
Ela abria um livro
Eu fechava a boca
E a rede balançava
O ar que vinha do mar
Disfarçado de brisa
Já anunciava o furacão
Mas enquanto isso
Eu voava com o timbre
De voz que percorria palavras impressas
Eram estórias
Cantadas
Eu saí do colo
E a chuva marca o tempo
Anos e anos
Desenlaçando
A família
Com desdém
Ela enterrou seu sobrenome
Em mim.
Julia Duarte.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
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Um comentário:
lindo isso, muito emocionante, tem movimento, vai envolvendo quem lê e faz chorar também. to passada! beijo
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