segunda-feira, 30 de março de 2009

Sou

Sou a cabeça
encostada na parede

Sou os braços
cruzados em cima do sofá

Sou as pernas
embaixo do chuveiro

Sou o fio de cabelo
no travesseiro quente

Sou a boca
dentro da geladeira

Sou os dedos
que dançam no piano

Sou os pedaços
que engolem espaços

Soltos no ar

Sou a promessa
escrita na mesa

Sou o diálogo
antes de dormir

Sou o que já fui
mas também ou que vou ser

Sou pela metade
do caminho

Sou a desconstrução.


Julia Duarte.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Ainda não sei quando vou voltar.

Foram dias
e noites

Anos
e anos

Eu me encolhi

Não foi de frio
Não foi de sono

Foi de medo

Meus ossos convidaram
a carne
para entrar

Aprisionando
o calor que movia o contorno

Da estrurura
balançada

A vergonha
intimida a coragem

Desfaz luzes
e espelhos

A pálpebra
esconde o brilho do olho


como um cobertor

que esconde

um corpo gelado.



Julia Duarte.