Alguém já recusou a sua companhia?
O seu convite?
O seu beijo?
O seu amor?
Você já seguiu um olho tímido?
Já fugiu de um olho vivo?
Você já imaginou alguém para imaginar com você?
Você já se imaginou casado?
Casar é imaginar quente
o que antes era solidão.
É dedicar uma estrela
por bem mais do que uma noite.
É assinar um cartão de amor
com o mesmo sobrenome
de quem vai receber.
É se imaginar solteiro
e gostar de cair na realidade.
É entrelaçar as pernas antes de dormir.
É ter um ombro para encostar.
É fazer parte de outro corpo.
É dividir a luz da vela em cima da mesa.
É roubar a cereja da sobremesa.
Do outro.
Quer casar comigo?
Julia Duarte.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Ficar viuva é viver uma lacuna da vida.
Deu adeus ao santo
E dormiu sem rezar
De lágrimas secas
fazia-se o canto do olho
Quando acordou
Vestiu o luto
Saiu a beber
Repetindo palavras
e tremendo a voz
De caneta na mão
Se pôs a desenhar
caricaturas
Em ziquezague
Despediu-se
da garrafa
que como ela
figurava vazia
A capa preta
amorteceu os pingos grossos
quando o céu chorou
a sua volta
Já era dia
quando ela
rezou só
por um dia de sono
e uma vida
sem lacunas
Julia Duarte
E dormiu sem rezar
De lágrimas secas
fazia-se o canto do olho
Quando acordou
Vestiu o luto
Saiu a beber
Repetindo palavras
e tremendo a voz
De caneta na mão
Se pôs a desenhar
caricaturas
Em ziquezague
Despediu-se
da garrafa
que como ela
figurava vazia
A capa preta
amorteceu os pingos grossos
quando o céu chorou
a sua volta
Já era dia
quando ela
rezou só
por um dia de sono
e uma vida
sem lacunas
Julia Duarte
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Oxidação.
De ferrugem
se faz um corpo que ressuscita
Parado
durante uma vida
acompanhando
a decomposição
de sua própria carne
Chora a alegria
de voltar
Abrir o peito
para discutir a calma
e o silêncio
De encontrar
um mundo reescrito
Pronto para receber
dobradiças
que não precisem de óleo
Deprimido
ao ranger da primeira curvatura
Cheio de palavras roucas
despede-se
Para mais um descanso.
Julia Duarte.
se faz um corpo que ressuscita
Parado
durante uma vida
acompanhando
a decomposição
de sua própria carne
Chora a alegria
de voltar
Abrir o peito
para discutir a calma
e o silêncio
De encontrar
um mundo reescrito
Pronto para receber
dobradiças
que não precisem de óleo
Deprimido
ao ranger da primeira curvatura
Cheio de palavras roucas
despede-se
Para mais um descanso.
Julia Duarte.
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