sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Existem amores e amores.

De noite.

Eu quero
Cobrir os seus pés
com os meus

Rezar
Por menos um
Adeus

Eu quero
desenhar você
por uma vida inteira

De luz tímida
e traço forte
Adiando a morte

Eu quero
um tempo
esquecido de acontecer

E um espaço
com espaço para eu amar você.


Julia Duarte.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Uma pausa.

Afastei a minha gente
porque a gente é minha
e com gente minha
não tem cerimônia nem vergonha

Tirei o pó da sala com almofadas
joguei a toalha
apaguei a luz
acendi a fé

Encontrei no terço
um bocado de mim.


Julia Duarte.

terça-feira, 23 de março de 2010

O nó

Existe um nó
Bem na ponta da corda
existe um nó

A corda balança
mas o nó
não se desfaz

A corda estica
mas o nó
não escorrega

A corda molha
O nó seca junto com ela

O tempo passa
O nó cresce
e endurece

Existe uma corda
Bem na ponta do nó
existe uma corda


Julia Duarte

sexta-feira, 5 de março de 2010

Eu te amo duas vezes mais.

Se tornar princesa pela primeira vez
tem o frio da instabilidade

E pede uma promessa de amor parcelada
na esperança de reservar um futuro

Mesmo que o amor
ainda não tenha, de fato, se apresentado

O costume é morno
no discurso

As mesmas respostas de amor
Não intimidam
Não surpreendem
Viciam
Confortam

- Te amo.
- Eu também.

Quanto de amor
existe em frases como essa?

O amor repetido
tem duas vezes mais amor

O dobro daquele prometido
no ápice da precipitação.


Julia Duarte.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Samba da criola doida.

Faz tempo que não escrevo
Uma palavra ou outra
Na areia
E só

Troco as letras
Por um bocado de água do mar
Uma nesga de sol cansado
E ó: isso já me basta

O povo apressado
Que ultrapasse depressa
A caminho da próxima vida
Eu prefiro a calma nada enrustida

Abaixo às buzinas da vida
que eu só quero ficar parada.


Julia Duarte.