quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Adeus

Você foi a alegria
hoje é a minha solidão

Farta de ausência sua
eu paro, pisco e pulo.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A prisão do não querer querer

Meu desejo
eu guardo quente

No verso da língua,
no teto das mãos

Escondo tudo
como se fosse maldição

Há meses
vivo o que não vivo

Não abro a boca
nem as pernas

Acumulo o que sinto
Aperto o cinto do útero

Esmago o desejo
com medo da sua ausência

Julia Duarte

domingo, 6 de novembro de 2011

Volta

A falta
é um espaço preenchido de saudade
cheio de esperança

O presente
é o passado amadurecido
enraivecido pelo que não aconteceu

Você
é meu coração batendo forte
minha companhia quando fecha a cortina dos olhos

Meu caderno em branco
é o cansaço
de não te ter

Você é a minha companhia
sem nem sequer saber

Julia Duarte

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Selo

Confesso um segredo
com a ponta da língua
em você

Escrevo seu corpo
e apago o passado
que você tenta esquecer

Reencontro seus olhos
no escuro gritante
do quarto fechado

Encosto em seu corpo
por horas paradas
e esqueço de morrer

Beijo sua boca
Viro você por uma vida.


Julia Duarte

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Fim

O começo
tem uma ausência de peso
porque não há bagagem conjunta

é tudo
“daqui pra frente”
em um horizonte virgem

A delicadeza
da descoberta
é humana no sentimento

O presente não é nada
além do encontro
de duas verdades

Mas o tempo mente

E então,
nasce a capacidade
de inventar o futuro

Planejar a felicidade
como se não existisse
espontaneidade

Como se consequência
fosse palavra nula
no dicionário do coração

Os amores se perdem
quando o desejo é ensaiado




Julia Duarte

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Você



Em certos momentos
me falta você

Fica uma lacuna
de fumaça

Sem a graça
do teu balanço firme

Com a falta
da tua falsa convicção

Fico apertada
num passado sem solidão

Hoje eu me carrego
e escrevo o descarrego

A vontade de ter você
dormiu com medo

Mas o dia já vai começar
E seja o que eu quiser

Julia Duarte

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Me sobra o pensar

Não vejo sentido
no vestido comprido que eu desfilo
só para me esconder

Adio encontros
e me desencontro na solidão
que eu escolhi sem saber

Corto palavras
e espalho suas partes
de modo que não as consigo ler

Busco no ar
as melodias das preces
que eu acabei de esquecer

No espelho
está a menina
que vive um passado presente

Me falta
o parar


Julia Duarte

terça-feira, 15 de março de 2011

Ausência

Eu sei que não falamos
calamos no primeiro ato
no segundo e no terceiro

Eu sei que nos amamos
e nos contemos
na alegria, na tristeza e na beleza

Faltaram palavras
transportando um aviso
mesmo que tímido

Do inteiro
me sobrou meio

Da verdade
me sobrou o silêncio

Da esperança
me sobrou a reza

De você
me sobrou lembranças

De tudo que doei,
não sobrou nada.

Julia Duarte

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

As coisas que são

Existe uma dor
que morde o estômago

Cada vez que eu tento engolir
o que não quero ser

Julia Duarte