A carne trêmula
se esconde em trapos
de pele
A pele
se esconde em tecidos
de luxo
O luxo
se esconde em olhos
partidos
Pupilas
dilataram ao grito
de um: “Vai embora”
Cheio de dúvidas
e eterno.
Julia Duarte.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Ela.
A falta dela
me corta a carne
A voz ausente
é tão grave
A camisola
veste a cadeira
Mas a cadeira
não é ela
E mesmo assim
eu sento e me basto
A foto dela
me corta os dedos
Como se de sua pele
brotassem espinhos
Gotas de lágrimas
espremem meus orgãos
Só crescem
Não saem
Guardo o choro
embaixo do pâncreas
E se falo dela
não é obsessão
Não é culpa
nem doença.
É saudade.
Julia Duarte.
me corta a carne
A voz ausente
é tão grave
A camisola
veste a cadeira
Mas a cadeira
não é ela
E mesmo assim
eu sento e me basto
A foto dela
me corta os dedos
Como se de sua pele
brotassem espinhos
Gotas de lágrimas
espremem meus orgãos
Só crescem
Não saem
Guardo o choro
embaixo do pâncreas
E se falo dela
não é obsessão
Não é culpa
nem doença.
É saudade.
Julia Duarte.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Poema Dia.
No dia 1° de dezembro começou o Poema Dia. Um projeto que reúne 28 poetas de diferentes estados e com estilos também variados. Cada um vai adotar um dia do mês para postar. Eu vou escrever no dia 20. Mas não deixem de conferir, já tem muita coisa legal lá.
http://poemadia.blogspot.com
http://poemadia.blogspot.com
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
...
Quando eu escrevi você
Peguei cada palavra
e lapidei
Ferí a ponta
do lápis
que se desfez em linhas retas
E pensamenos tortos
Quando eu escolhi você
Escondi minha tristeza
Coloquei versos na gaveta
E de roupas pretas se fizeram os pobres
Quando eu beijei você
Cobri o fio dos dentes com a língua
Não bebi nem fumei
Durante vinte e quatro horas
Quando eu dormi com você
Fiquei acordada
controlando a respiração
E quando você despertou
Eu já estava de batom
Quando eu me perdi de mim
Você estava em meu lugar
Usando minhas roupas
E as minhas palavras
Quando eu cansei de você
Me guardei.
Julia Duarte.
Peguei cada palavra
e lapidei
Ferí a ponta
do lápis
que se desfez em linhas retas
E pensamenos tortos
Quando eu escolhi você
Escondi minha tristeza
Coloquei versos na gaveta
E de roupas pretas se fizeram os pobres
Quando eu beijei você
Cobri o fio dos dentes com a língua
Não bebi nem fumei
Durante vinte e quatro horas
Quando eu dormi com você
Fiquei acordada
controlando a respiração
E quando você despertou
Eu já estava de batom
Quando eu me perdi de mim
Você estava em meu lugar
Usando minhas roupas
E as minhas palavras
Quando eu cansei de você
Me guardei.
Julia Duarte.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Pronto, falei.
Seus cabelos
abrem portas
e batem pernas
Se apresentam
e representam
um sonho vencido
Do alto
ela me convida
para um passeio
Na sua carne
Deito de olhos
abertos
Descubro
o que ela guarda
embaixo da roupa
Sua pele
segue minha língua
Sem atalhos
Fico horas e horas
sentindo seu corpo
igual ao meu
A água na cabeceira
me faz ter certeza
que ainda sou eu
Por mais um dia.
Julia Duarte.
abrem portas
e batem pernas
Se apresentam
e representam
um sonho vencido
Do alto
ela me convida
para um passeio
Na sua carne
Deito de olhos
abertos
Descubro
o que ela guarda
embaixo da roupa
Sua pele
segue minha língua
Sem atalhos
Fico horas e horas
sentindo seu corpo
igual ao meu
A água na cabeceira
me faz ter certeza
que ainda sou eu
Por mais um dia.
Julia Duarte.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Um poema para uma irmã chamada Joana.
Não seja mãe
sem ter dado a luz
Desenhe aquilo
que você pode contornar
Na hora de rezar
pense em você
Arranque da carne
o prazer entrelaçado nas costelas
Sopre o pó
dos seus pés aprisionados
Caminhe
Pisoteando o tic-tac
Você pode
o que quiser
Sua estrutura é maior
que a carcaça
O alcance de seus olhos
se faz pequeno
Como qualquer
ser humano em demasia
Não acoberte com os cílios
a vista da vida
Bata na minha porta
para um café forte
E acorde para nascer de novo
só para você.
Julia Duarte.
sem ter dado a luz
Desenhe aquilo
que você pode contornar
Na hora de rezar
pense em você
Arranque da carne
o prazer entrelaçado nas costelas
Sopre o pó
dos seus pés aprisionados
Caminhe
Pisoteando o tic-tac
Você pode
o que quiser
Sua estrutura é maior
que a carcaça
O alcance de seus olhos
se faz pequeno
Como qualquer
ser humano em demasia
Não acoberte com os cílios
a vista da vida
Bata na minha porta
para um café forte
E acorde para nascer de novo
só para você.
Julia Duarte.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
A surpresa é o orgasmo.
Enferma
Cheia dos não-me-toques
A vida descansa
e respinga gargalhadas
Cochicha
sobre a sujeira
Não pisca
sobre a traição
Condena
pelas costas das mãos
Em orações
demolidas
O importante
é amar
Selar o beijo
e a dor
Meu pai sempre disse:
- Seja feliz.
Minha mãe sempre disse:
- Pense antes de fazer qualquer coisa.
Impossível ser feliz
se planejada a vida
A surpresa
é o orgasmo
Escondido
nas esquinas de uma vida traiçoeira
Que ordena.
E mais nada.
Julia Duarte.
Cheia dos não-me-toques
A vida descansa
e respinga gargalhadas
Cochicha
sobre a sujeira
Não pisca
sobre a traição
Condena
pelas costas das mãos
Em orações
demolidas
O importante
é amar
Selar o beijo
e a dor
Meu pai sempre disse:
- Seja feliz.
Minha mãe sempre disse:
- Pense antes de fazer qualquer coisa.
Impossível ser feliz
se planejada a vida
A surpresa
é o orgasmo
Escondido
nas esquinas de uma vida traiçoeira
Que ordena.
E mais nada.
Julia Duarte.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Temporal.
Eu
e as nossas diferenças
não brigamos
não nos amamos
Eu esqueço
Você lembra
Eu perco o jeito
E o ar sai dos pulmões
Balança árvores
Levanta batinas
Embaralha preces
Areias
ferem canelas e olhos
Cabelos
escondem rostos
Lágrimas secam escorridas
O vento assobia
E o lixo,
o lixo rodopia para cair no mesmo lugar
Nossas diferenças passam
Sobra
eu e você
Até a próxima
tormenta.
Julia Duarte.
e as nossas diferenças
não brigamos
não nos amamos
Eu esqueço
Você lembra
Eu perco o jeito
E o ar sai dos pulmões
Balança árvores
Levanta batinas
Embaralha preces
Areias
ferem canelas e olhos
Cabelos
escondem rostos
Lágrimas secam escorridas
O vento assobia
E o lixo,
o lixo rodopia para cair no mesmo lugar
Nossas diferenças passam
Sobra
eu e você
Até a próxima
tormenta.
Julia Duarte.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Às vezes decido não te amar.
Me sento
de frente para o tempo
E lembro
De quem me esculpiu
em carne
e sangue
De quem me refilou
com a ponta dos ossos
de um corpo cansado
De quem colocou a mesa
e me esperou
com a comida quente
Por noites
e noites
Lembro
De quem acordou
dormindo
Olhou pra mim
e disse:
_
Lembro até hoje
Quando volto
no tempo
Às vezes decido
ir embora
E voltar a amar você.
Julia Duarte.
de frente para o tempo
E lembro
De quem me esculpiu
em carne
e sangue
De quem me refilou
com a ponta dos ossos
de um corpo cansado
De quem colocou a mesa
e me esperou
com a comida quente
Por noites
e noites
Lembro
De quem acordou
dormindo
Olhou pra mim
e disse:
_
Lembro até hoje
Quando volto
no tempo
Às vezes decido
ir embora
E voltar a amar você.
Julia Duarte.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Um poema para aquelas pessoas que salvam vidas sem fazer força.
Meu peito já doeu muito
Senti o amor saindo pela garganta
Arranhando o verso da carne
Dormi com o coração dilatado
Batendo com pressa
para viver de uma vez
Sangrei os joelhos
de tanto implorar
o fim
Lembrei tanto
do pranto de alguém
que hoje nem lembro o nome
Encontrei você.
Julia Duarte.
Senti o amor saindo pela garganta
Arranhando o verso da carne
Dormi com o coração dilatado
Batendo com pressa
para viver de uma vez
Sangrei os joelhos
de tanto implorar
o fim
Lembrei tanto
do pranto de alguém
que hoje nem lembro o nome
Encontrei você.
Julia Duarte.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Quando você não me amou.
Encolhi os braços
para encaixar no desenho que você fez de mim
Arregalei os olhos
e apertei a boca
Foi quando ví
que o recheio dos teus traços
não era eu
Cresci na melodia
da música
que você escreveu
Mas a serenata
nunca subiu
pelo pé da minha janela
Virei o enigma
de um texto hermético
Como um chumbo
que cai na água
caí na cama
Macia
de abraço certo
Chorei
e me expulsei
criança
Vomitei versos
impressos no chão
A poesia marca o tapete.
Julia Duarte.
para encaixar no desenho que você fez de mim
Arregalei os olhos
e apertei a boca
Foi quando ví
que o recheio dos teus traços
não era eu
Cresci na melodia
da música
que você escreveu
Mas a serenata
nunca subiu
pelo pé da minha janela
Virei o enigma
de um texto hermético
Como um chumbo
que cai na água
caí na cama
Macia
de abraço certo
Chorei
e me expulsei
criança
Vomitei versos
impressos no chão
A poesia marca o tapete.
Julia Duarte.
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Zero.
Para que serve o futuro
se você não consegue prever o agora?
Para que serve a resposta
se tudo que você tem são perguntas?
Enquanto isso
o passado muda a toda hora.
É como um livro que você lê
pela segunda vez.
É como uma ficha
que espera o balanço do vento para cair.
E assim, de repente.
tudo faz algum sentido.
Para que servem os planos
se a vida simplesmente acontece?
Não adianta buscar nos bolsos
dos casacos do inverno passado
o telefone do seu amor
Porque você não nasceu para repetir.
Nem casacos, nem amores.
Se o ar é fresco
o seu coração também merece ser.
Não deixe seus sonhos
recheando seu travesseiro.
Pegue uma tesoura
e fure pena por pena, sem pena.
Carregue seus sonhos
embaixo do braço.
Porque chegou a hora de usufruir.
And go.
Julia Duarte.
se você não consegue prever o agora?
Para que serve a resposta
se tudo que você tem são perguntas?
Enquanto isso
o passado muda a toda hora.
É como um livro que você lê
pela segunda vez.
É como uma ficha
que espera o balanço do vento para cair.
E assim, de repente.
tudo faz algum sentido.
Para que servem os planos
se a vida simplesmente acontece?
Não adianta buscar nos bolsos
dos casacos do inverno passado
o telefone do seu amor
Porque você não nasceu para repetir.
Nem casacos, nem amores.
Se o ar é fresco
o seu coração também merece ser.
Não deixe seus sonhos
recheando seu travesseiro.
Pegue uma tesoura
e fure pena por pena, sem pena.
Carregue seus sonhos
embaixo do braço.
Porque chegou a hora de usufruir.
And go.
Julia Duarte.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Casamento.
Alguém já recusou a sua companhia?
O seu convite?
O seu beijo?
O seu amor?
Você já seguiu um olho tímido?
Já fugiu de um olho vivo?
Você já imaginou alguém para imaginar com você?
Você já se imaginou casado?
Casar é imaginar quente
o que antes era solidão.
É dedicar uma estrela
por bem mais do que uma noite.
É assinar um cartão de amor
com o mesmo sobrenome
de quem vai receber.
É se imaginar solteiro
e gostar de cair na realidade.
É entrelaçar as pernas antes de dormir.
É ter um ombro para encostar.
É fazer parte de outro corpo.
É dividir a luz da vela em cima da mesa.
É roubar a cereja da sobremesa.
Do outro.
Quer casar comigo?
Julia Duarte.
O seu convite?
O seu beijo?
O seu amor?
Você já seguiu um olho tímido?
Já fugiu de um olho vivo?
Você já imaginou alguém para imaginar com você?
Você já se imaginou casado?
Casar é imaginar quente
o que antes era solidão.
É dedicar uma estrela
por bem mais do que uma noite.
É assinar um cartão de amor
com o mesmo sobrenome
de quem vai receber.
É se imaginar solteiro
e gostar de cair na realidade.
É entrelaçar as pernas antes de dormir.
É ter um ombro para encostar.
É fazer parte de outro corpo.
É dividir a luz da vela em cima da mesa.
É roubar a cereja da sobremesa.
Do outro.
Quer casar comigo?
Julia Duarte.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Ficar viuva é viver uma lacuna da vida.
Deu adeus ao santo
E dormiu sem rezar
De lágrimas secas
fazia-se o canto do olho
Quando acordou
Vestiu o luto
Saiu a beber
Repetindo palavras
e tremendo a voz
De caneta na mão
Se pôs a desenhar
caricaturas
Em ziquezague
Despediu-se
da garrafa
que como ela
figurava vazia
A capa preta
amorteceu os pingos grossos
quando o céu chorou
a sua volta
Já era dia
quando ela
rezou só
por um dia de sono
e uma vida
sem lacunas
Julia Duarte
E dormiu sem rezar
De lágrimas secas
fazia-se o canto do olho
Quando acordou
Vestiu o luto
Saiu a beber
Repetindo palavras
e tremendo a voz
De caneta na mão
Se pôs a desenhar
caricaturas
Em ziquezague
Despediu-se
da garrafa
que como ela
figurava vazia
A capa preta
amorteceu os pingos grossos
quando o céu chorou
a sua volta
Já era dia
quando ela
rezou só
por um dia de sono
e uma vida
sem lacunas
Julia Duarte
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Oxidação.
De ferrugem
se faz um corpo que ressuscita
Parado
durante uma vida
acompanhando
a decomposição
de sua própria carne
Chora a alegria
de voltar
Abrir o peito
para discutir a calma
e o silêncio
De encontrar
um mundo reescrito
Pronto para receber
dobradiças
que não precisem de óleo
Deprimido
ao ranger da primeira curvatura
Cheio de palavras roucas
despede-se
Para mais um descanso.
Julia Duarte.
se faz um corpo que ressuscita
Parado
durante uma vida
acompanhando
a decomposição
de sua própria carne
Chora a alegria
de voltar
Abrir o peito
para discutir a calma
e o silêncio
De encontrar
um mundo reescrito
Pronto para receber
dobradiças
que não precisem de óleo
Deprimido
ao ranger da primeira curvatura
Cheio de palavras roucas
despede-se
Para mais um descanso.
Julia Duarte.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Ex família.
Ela me acenava
Cada vez que partia pra Porto Alegre
Quando voltava
Levantava as sobrancelhas
Mirava o queixo na minha testa
E os olhos escapavam
Por baixo das grossas lentes
De coxas macias e quentes
Eu me fartava
Ela abria um livro
Eu fechava a boca
E a rede balançava
O ar que vinha do mar
Disfarçado de brisa
Já anunciava o furacão
Mas enquanto isso
Eu voava com o timbre
De voz que percorria palavras impressas
Eram estórias
Cantadas
Eu saí do colo
E a chuva marca o tempo
Anos e anos
Desenlaçando
A família
Com desdém
Ela enterrou seu sobrenome
Em mim.
Julia Duarte.
Cada vez que partia pra Porto Alegre
Quando voltava
Levantava as sobrancelhas
Mirava o queixo na minha testa
E os olhos escapavam
Por baixo das grossas lentes
De coxas macias e quentes
Eu me fartava
Ela abria um livro
Eu fechava a boca
E a rede balançava
O ar que vinha do mar
Disfarçado de brisa
Já anunciava o furacão
Mas enquanto isso
Eu voava com o timbre
De voz que percorria palavras impressas
Eram estórias
Cantadas
Eu saí do colo
E a chuva marca o tempo
Anos e anos
Desenlaçando
A família
Com desdém
Ela enterrou seu sobrenome
Em mim.
Julia Duarte.
quinta-feira, 3 de julho de 2008
O que virá?
Nem Deus
Ousaria me contar
Não por não querer
Ou esconder dizeres
Atrás dos lábios
Não por mistério
Crescer por conta
De um causo
De um silêncio
Que se faz vazio
E instiga
Me come
Mastiga a carne
Depois
Bate o bife
Das costas
Joga
No canto
Do canto escuro
Me tira
Um sonho
Que dorme
Amanheço
Com a boca
De formigas
E cuspo
Esvazio o peito
Busco teus olhos
Com medo
Que você
Não me busque.
O que nem Deus sabe, assusta.
Julia Duarte.
Ousaria me contar
Não por não querer
Ou esconder dizeres
Atrás dos lábios
Não por mistério
Crescer por conta
De um causo
De um silêncio
Que se faz vazio
E instiga
Me come
Mastiga a carne
Depois
Bate o bife
Das costas
Joga
No canto
Do canto escuro
Me tira
Um sonho
Que dorme
Amanheço
Com a boca
De formigas
E cuspo
Esvazio o peito
Busco teus olhos
Com medo
Que você
Não me busque.
O que nem Deus sabe, assusta.
Julia Duarte.
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Acabou
A pedra sobre
A canela dobrada
Faz o vinco
E o brinco
Cheio de solidão
Desprende amores
A bolsa
Aberta de recordações
Ilumina a superfície
No fundo,
Marcas da canetas sem tampas
Perdem vergonhas
O risco no fundo
Implora a ida
Sem volta
Amarra o cabelo
E desdobra
A conversa no bar
Pede uma passagem
Ao garçom
De bandeja vazia
Que reflete
Olheiras de noites
Meio-dias
E o remédio acabou.
A canela dobrada
Faz o vinco
E o brinco
Cheio de solidão
Desprende amores
A bolsa
Aberta de recordações
Ilumina a superfície
No fundo,
Marcas da canetas sem tampas
Perdem vergonhas
O risco no fundo
Implora a ida
Sem volta
Amarra o cabelo
E desdobra
A conversa no bar
Pede uma passagem
Ao garçom
De bandeja vazia
Que reflete
Olheiras de noites
Meio-dias
E o remédio acabou.
terça-feira, 27 de maio de 2008
A noite.
Mexe
E pede um gole
Dispensa
O casaco
Beija o ar
De fumaça
Sua o que
Pediu no balcão
Desliga
Do mundo
Fecha
Um olho
Abre
O outro
A caixa
Estoura
E leva
Embora
Uma alma
Sã
Estica
No cimento
E pede carona
Com o que restou.
Julia Duarte
E pede um gole
Dispensa
O casaco
Beija o ar
De fumaça
Sua o que
Pediu no balcão
Desliga
Do mundo
Fecha
Um olho
Abre
O outro
A caixa
Estoura
E leva
Embora
Uma alma
Sã
Estica
No cimento
E pede carona
Com o que restou.
Julia Duarte
Vem?
Arrepia o corpo
No meu
Sobe e desce
O calor
Abraça
Pele com pele
Fala baixo
No ouvido
Beija
Meu beijo
Olha
Pra cima
Me sente
De baixo
Vira
A página
Respira
O lençol
Segura
A cama
Luta
As pernas
Relaxa
Sem dor
Mexe
O pescoço
Me encontra
De olhos
Pintados
Julia Duarte
No meu
Sobe e desce
O calor
Abraça
Pele com pele
Fala baixo
No ouvido
Beija
Meu beijo
Olha
Pra cima
Me sente
De baixo
Vira
A página
Respira
O lençol
Segura
A cama
Luta
As pernas
Relaxa
Sem dor
Mexe
O pescoço
Me encontra
De olhos
Pintados
Julia Duarte
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Eu cuido da casa
Acendo a vela
Te confundo
Com o contorno
Dos móveis
Imóveis
Do livro de receitas
Me faço Chef
Da solidão
Me sirvo
Inerte
Junto
Cílios com cílios
Enrolo o terço
E me apago
De ti
Lembro
Inconsciente
Quando doente
Fico assim
Sem fim
A casa grita
No eco
Da tua ausência
Descabida
As roupas vazias
Não dançam
E descansam
Murchas
De você
Pego o terço
E mordo
E cuspo
E quebro
Pego a vela
E derreto
Até queimar
Os dedos
Abro a bíblia
E faço de cada
Página
Mil
Pe-da-ci-nhos
Julia Duarte.
Te confundo
Com o contorno
Dos móveis
Imóveis
Do livro de receitas
Me faço Chef
Da solidão
Me sirvo
Inerte
Junto
Cílios com cílios
Enrolo o terço
E me apago
De ti
Lembro
Inconsciente
Quando doente
Fico assim
Sem fim
A casa grita
No eco
Da tua ausência
Descabida
As roupas vazias
Não dançam
E descansam
Murchas
De você
Pego o terço
E mordo
E cuspo
E quebro
Pego a vela
E derreto
Até queimar
Os dedos
Abro a bíblia
E faço de cada
Página
Mil
Pe-da-ci-nhos
Julia Duarte.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Acredita.
Cospe em pautas de música
Acredita o teu sangue
Sangra o lápis
Na ponta dos dedos
E acredita a tua dor
Treme o músculo
no ritmo do palco
E acredita a tua fadiga
Chama o teu suor
Em volta da fogueira
E acredita a tua chuva
Carrega o teu filho
Nas costas deitadas
E acredita a tua vida
Convoca os santos
Espanta a noite
E acredita a tua alma
Guarda um segredo
Faz dele uma arma
E acredita o teu mistério
Vomita a tua culpa
Vai embora para sempre
E acredita na leveza
Julia Duarte.
Acredita o teu sangue
Sangra o lápis
Na ponta dos dedos
E acredita a tua dor
Treme o músculo
no ritmo do palco
E acredita a tua fadiga
Chama o teu suor
Em volta da fogueira
E acredita a tua chuva
Carrega o teu filho
Nas costas deitadas
E acredita a tua vida
Convoca os santos
Espanta a noite
E acredita a tua alma
Guarda um segredo
Faz dele uma arma
E acredita o teu mistério
Vomita a tua culpa
Vai embora para sempre
E acredita na leveza
Julia Duarte.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Lembro
Lembro do adeus
Que guardei
Nas mãos
Que não acenaram
Lembro do beijo
Que carrego
Até hoje
Dentro da boca
Lembro da carta
Que guardo
No guardanapo
Amassado
Lembro da foto
Recém tirada
Com a dedicatória
Em branco
Lembro da noite
Triste
Que ensaiei
A serenata
Lembro da dor
Que guardo nas costas
Embaixo da nuca
Pelada
Lembro do amor
Que nunca te dei
Lembro de você
E sufoco.
Julia Duarte.
Que guardei
Nas mãos
Que não acenaram
Lembro do beijo
Que carrego
Até hoje
Dentro da boca
Lembro da carta
Que guardo
No guardanapo
Amassado
Lembro da foto
Recém tirada
Com a dedicatória
Em branco
Lembro da noite
Triste
Que ensaiei
A serenata
Lembro da dor
Que guardo nas costas
Embaixo da nuca
Pelada
Lembro do amor
Que nunca te dei
Lembro de você
E sufoco.
Julia Duarte.
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Passado.
Passou o dia
E os postes que iluminam
Passou a chuva
Com pressa
Passou o chão
Em lágrimas
Passou o bêbado
Na rua tremida
Passou a puta
Na esquina sozinha
Passou o meio fio
Que virou um
Passou a criança
Com fome
Passou o velho
Querendo voltar
Passou a dona
Cheia de brilho
Passou a placa
Pichada
Passou o passado
E o cheiro de molhado
Sobe no asfalto.
Julia Duarte.
E os postes que iluminam
Passou a chuva
Com pressa
Passou o chão
Em lágrimas
Passou o bêbado
Na rua tremida
Passou a puta
Na esquina sozinha
Passou o meio fio
Que virou um
Passou a criança
Com fome
Passou o velho
Querendo voltar
Passou a dona
Cheia de brilho
Passou a placa
Pichada
Passou o passado
E o cheiro de molhado
Sobe no asfalto.
Julia Duarte.
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Entregue.
Entregue você
O que tem de mais valioso
Entregue um beijo
Entregue uma palavra
Sem dor
Um convite
Para ir ao aeroporto
E sonhar
Entregue você
O que guardou durante anos
Esvazie
Entregue um giz de cera
Colorido
Entregue a janela
Aberta
Entregue um filme
Sem legenda
Se entregue
Abra os braços
No abraço
Entregue um tempo
Qualquer
Depois
Preencha tudo de novo
Julia Duarte
O que tem de mais valioso
Entregue um beijo
Entregue uma palavra
Sem dor
Um convite
Para ir ao aeroporto
E sonhar
Entregue você
O que guardou durante anos
Esvazie
Entregue um giz de cera
Colorido
Entregue a janela
Aberta
Entregue um filme
Sem legenda
Se entregue
Abra os braços
No abraço
Entregue um tempo
Qualquer
Depois
Preencha tudo de novo
Julia Duarte
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Fica comigo.
Beija-me
Abraça-me
Me sinto bem assim
Com você
Acena
do teu amor
para o meu
Porque eu também amo
Sabia?
Mesmo depois
De cair
no engano da vida mansa
Dança
Comigo a poesia dos lábios
A chegada
Da carne quente
Ausente de qualquer lágrima
Um presente
É você
Cada vez que abre os olhos
Entra em mim
Em um mar sem fim
Me afogo no desejo
Tiro o pó da alma
Busco o ar
Encontro seus olhos no alto
Para você
Que visitou minha solidão
E lá ficou
Sem pressa
Na companhia
Dos passos
E como eu gosto.
Abraça-me
Me sinto bem assim
Com você
Acena
do teu amor
para o meu
Porque eu também amo
Sabia?
Mesmo depois
De cair
no engano da vida mansa
Dança
Comigo a poesia dos lábios
A chegada
Da carne quente
Ausente de qualquer lágrima
Um presente
É você
Cada vez que abre os olhos
Entra em mim
Em um mar sem fim
Me afogo no desejo
Tiro o pó da alma
Busco o ar
Encontro seus olhos no alto
Para você
Que visitou minha solidão
E lá ficou
Sem pressa
Na companhia
Dos passos
E como eu gosto.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Dois pra lá
Eu era uma zebra
Preto no branco
Branco no preto
Cor sim
Cor não
Beijava o vento
Deitava na grama
Corria sem dó
De ser só
Pulei a cerca
Desfiz o vestido da moça
Adormecida de susto
Fugi da baia
Sequei a saliva
De tanto correr
De tanto querer morrer
Não é fácil
Viver pela metade
Chorar de saudade
Mandei telegramas
E nada descobri
Órfão desde sempre
Chorei
Zoológico
É o Carandiru dos animais
Morri de mim
Encontrei o menino
Que me ensinou a dançar
Dois pra lá, dois pra cá
E comecei a viver
No circo
E lá
Trabalhava um mágico
Que também era empacotador de supermercado
Ela fazia tudo desaparecer
Implorei
Mas ele negou
Paguei
Mas ele não aceitou
Decidi
Dar uma de equilibrista
Herdei ainda mais listras
Marcas da rede de proteção
Que me devolveu
Para sempre
Deu zebra.
Preto no branco
Branco no preto
Cor sim
Cor não
Beijava o vento
Deitava na grama
Corria sem dó
De ser só
Pulei a cerca
Desfiz o vestido da moça
Adormecida de susto
Fugi da baia
Sequei a saliva
De tanto correr
De tanto querer morrer
Não é fácil
Viver pela metade
Chorar de saudade
Mandei telegramas
E nada descobri
Órfão desde sempre
Chorei
Zoológico
É o Carandiru dos animais
Morri de mim
Encontrei o menino
Que me ensinou a dançar
Dois pra lá, dois pra cá
E comecei a viver
No circo
E lá
Trabalhava um mágico
Que também era empacotador de supermercado
Ela fazia tudo desaparecer
Implorei
Mas ele negou
Paguei
Mas ele não aceitou
Decidi
Dar uma de equilibrista
Herdei ainda mais listras
Marcas da rede de proteção
Que me devolveu
Para sempre
Deu zebra.
quinta-feira, 27 de março de 2008
J & J
Eu guardei acordes
Um gole d’água antes de dormir
Um guardanapo em branco
Eu guardei o tempo
Mas ele se foi
Se despediu
Com a pressa
Dos ponteiros
Mas eu corri atrás
Da canção
De frente para o palco
Decorei a cena
E cada detalhe seu
Para repassar
Até a sua volta
O canto da sua boca
ainda sorri para mim
Eu comentei
Para mim
Sorri
Para mim
Porque você não estava
E eu não quis
Te substituir
Reservei
Um lugar só seu
Um sonho só meu
De alguém que se foi
Deixou lembranças
E fé
A esperança de errar
De novo
Ainda está contigo
De rir
No silêncio da dor
De esticar as pernas para cima
E sentir a leveza
De se descobrir bem
Então,
Meu bem
Eu guardei tanto para você
Que mal cabe em uma garrafa de vinho
Mas o seu lugar
Ainda vazio
Está aqui
E se hoje eu choro
É de felicidade
Porque falta pouco
Para você voltar
Não vou mais pensar em você
Vou ter você
De novo.
Um gole d’água antes de dormir
Um guardanapo em branco
Eu guardei o tempo
Mas ele se foi
Se despediu
Com a pressa
Dos ponteiros
Mas eu corri atrás
Da canção
De frente para o palco
Decorei a cena
E cada detalhe seu
Para repassar
Até a sua volta
O canto da sua boca
ainda sorri para mim
Eu comentei
Para mim
Sorri
Para mim
Porque você não estava
E eu não quis
Te substituir
Reservei
Um lugar só seu
Um sonho só meu
De alguém que se foi
Deixou lembranças
E fé
A esperança de errar
De novo
Ainda está contigo
De rir
No silêncio da dor
De esticar as pernas para cima
E sentir a leveza
De se descobrir bem
Então,
Meu bem
Eu guardei tanto para você
Que mal cabe em uma garrafa de vinho
Mas o seu lugar
Ainda vazio
Está aqui
E se hoje eu choro
É de felicidade
Porque falta pouco
Para você voltar
Não vou mais pensar em você
Vou ter você
De novo.
quinta-feira, 20 de março de 2008
Flores
Ela fechou a porta
A outra dormiu os olhos por um segundo
Ela prometeu não voltar
A outra chorou de amor
Ela deixou seu cheiro
A outra sentiu saudades
Ela deixou um bilhete
A outra não leu
Ela não ligou
A outra herdou o silêncio
Ela foi procurar seu tempo
A outra ficou sem ar
Ela disse que voltaria um dia
A outra acreditou
Ela se entregou para alguém
A outra cobriu o rosto com a palma da mão
Ela dançou seu corpo em outras pernas
A outra se perdeu
Ela sorriu
A outra dormiu para sempre
Ela comprou flores
A outra gelou
Ela foi dizer adeus
A outra não se mexeu
Ela abraçou
A outra não sentiu
Ela fechou os olhos da outra
E a outra não abriu
A outra dormiu os olhos por um segundo
Ela prometeu não voltar
A outra chorou de amor
Ela deixou seu cheiro
A outra sentiu saudades
Ela deixou um bilhete
A outra não leu
Ela não ligou
A outra herdou o silêncio
Ela foi procurar seu tempo
A outra ficou sem ar
Ela disse que voltaria um dia
A outra acreditou
Ela se entregou para alguém
A outra cobriu o rosto com a palma da mão
Ela dançou seu corpo em outras pernas
A outra se perdeu
Ela sorriu
A outra dormiu para sempre
Ela comprou flores
A outra gelou
Ela foi dizer adeus
A outra não se mexeu
Ela abraçou
A outra não sentiu
Ela fechou os olhos da outra
E a outra não abriu
sexta-feira, 14 de março de 2008
Beijo
Um beijo é pluma
E apesar do sonho meu
Escapa para o céu
Um beijo é doce
Quando a língua passeia pelos lábios
Até que o açúcar acabe
Um beijo é verdade
Depois de unir os lábios
Se unem olhares fixos
Um beijo é ilusão
Você encontra uma outra língua
no escuro do sono solto
Um beijo é paixão
O tempo não passa
E você gruda
Um beijo é despedida
As bocas descolam
Para a lágrima passar
Um beijo é culpa
Mal acontece
Em virtude do que já foi
Um beijo é o que você quiser.
E apesar do sonho meu
Escapa para o céu
Um beijo é doce
Quando a língua passeia pelos lábios
Até que o açúcar acabe
Um beijo é verdade
Depois de unir os lábios
Se unem olhares fixos
Um beijo é ilusão
Você encontra uma outra língua
no escuro do sono solto
Um beijo é paixão
O tempo não passa
E você gruda
Um beijo é despedida
As bocas descolam
Para a lágrima passar
Um beijo é culpa
Mal acontece
Em virtude do que já foi
Um beijo é o que você quiser.
terça-feira, 4 de março de 2008
P-a-l-a-v-r-a
Eu pego cada palavra sua
E desmaio
Letra por letra
Sem som
Sem métrica
Na estética da imaginação
Que cresce em segredo
Palavras que viram música
Aos poucos
Ao pé do ouvido
Que pede o beijo
E encosta no travesseiro
Que me abraça para sempre
De olhos fechados
Suas palavras ecoam
Opiniões
Porque a verdade só eu sei
É bom ter apenas a metade do mundo
E assim procuro todo o resto quando abro a janela
Os olhos
Os braços
As pernas
Para você entrar.
E desmaio
Letra por letra
Sem som
Sem métrica
Na estética da imaginação
Que cresce em segredo
Palavras que viram música
Aos poucos
Ao pé do ouvido
Que pede o beijo
E encosta no travesseiro
Que me abraça para sempre
De olhos fechados
Suas palavras ecoam
Opiniões
Porque a verdade só eu sei
É bom ter apenas a metade do mundo
E assim procuro todo o resto quando abro a janela
Os olhos
Os braços
As pernas
Para você entrar.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
Hoje
Quero tomar um café com você
Em Bajo Caracoles
Bem na época em que de lá o vento foge
Quero encontrar seus dedos
passeando pelos grãos de açúcar caídos na mesa
Depois de um tempo,
Se houver alguma chance, você estará um gelo
Pouco à vontade
Pela saudade que sopra qualquer palavra boba
Ou então,
vai procurar meus olhos
assim que tirar o óculos
E, em um corredor de ar,
Vai me dizer tudo
Em silêncio
Talvez me mande embora
pague a minha passagem de volta
para não se incomodar
Você poderia me visitar
Jogar na minha cara tudo que fiz
Chorar a dor
E me beijar de amor
Quem sabe mandar um recado?
Eu poderia mandar uma carta
Só para você abrir
E descobrir o meu amor
Como se fosse novidade
E se você não abrir?
Eu viajo para longe
Esqueço o seu endereço
O seu nome e o seu cheiro
Eu podia parar de pensar
E agir na sua direção
Mesmo que não adiante
Mesmo que eu sinta medo
Eu só queria me encontrar em você.
Em Bajo Caracoles
Bem na época em que de lá o vento foge
Quero encontrar seus dedos
passeando pelos grãos de açúcar caídos na mesa
Depois de um tempo,
Se houver alguma chance, você estará um gelo
Pouco à vontade
Pela saudade que sopra qualquer palavra boba
Ou então,
vai procurar meus olhos
assim que tirar o óculos
E, em um corredor de ar,
Vai me dizer tudo
Em silêncio
Talvez me mande embora
pague a minha passagem de volta
para não se incomodar
Você poderia me visitar
Jogar na minha cara tudo que fiz
Chorar a dor
E me beijar de amor
Quem sabe mandar um recado?
Eu poderia mandar uma carta
Só para você abrir
E descobrir o meu amor
Como se fosse novidade
E se você não abrir?
Eu viajo para longe
Esqueço o seu endereço
O seu nome e o seu cheiro
Eu podia parar de pensar
E agir na sua direção
Mesmo que não adiante
Mesmo que eu sinta medo
Eu só queria me encontrar em você.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Um par.
Me convidei para passear
E foi tão bom
E foi tão ruim
Os dedos dos pés molharam na grama
Congelaram com o tempo
Ficaram duros como pedra
As pernas
(de fora)
Corriam para esquentar
Ou fugiam para não entrar na casa
Vazia
Contei as horas
Os minutos
E todos meus segredos
Para o alto do muro
Com a mão direita
Toquei o ombro esquerdo
Com a mão esquerda
Toquei o ombro direito
Joguei a cabeça para cima
E esperei
Mas por trás do muro não havia ninguém
Molhei os joelhos na grama
Agarrei o escapulário
Juntei as mãos e pedi:
Um par de olhos
Para me cuidar enquanto durmo
Um par de mãos
Para me puxar de volta quando eu quiser partir
Um par de pernas
Para me abraçar durante as noites
E ganhei
Um par de silêncio
Em meus ouvidos
Julia Duarte
E foi tão bom
E foi tão ruim
Os dedos dos pés molharam na grama
Congelaram com o tempo
Ficaram duros como pedra
As pernas
(de fora)
Corriam para esquentar
Ou fugiam para não entrar na casa
Vazia
Contei as horas
Os minutos
E todos meus segredos
Para o alto do muro
Com a mão direita
Toquei o ombro esquerdo
Com a mão esquerda
Toquei o ombro direito
Joguei a cabeça para cima
E esperei
Mas por trás do muro não havia ninguém
Molhei os joelhos na grama
Agarrei o escapulário
Juntei as mãos e pedi:
Um par de olhos
Para me cuidar enquanto durmo
Um par de mãos
Para me puxar de volta quando eu quiser partir
Um par de pernas
Para me abraçar durante as noites
E ganhei
Um par de silêncio
Em meus ouvidos
Julia Duarte
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Socorro
O cérebro esquentou a noite
Aprisionou seu sono
Com linhas pretas
E uma agulha
Há de costurar a ferida
Enquanto a repulsa morre
E aos poucos seus olhos abrem
O cheiro de vida levanta
Como poeira que sobe
Para espirrar a dor
É preciso um tanto de liberdade
Foi quando saiu dos cantos
Removeu suas células perdidas
E pediu socorro
Mal sabia que colocar o vírus para fora
É dar as mãos para as cores
E largar as dores
Julia Duarte
Aprisionou seu sono
Com linhas pretas
E uma agulha
Há de costurar a ferida
Enquanto a repulsa morre
E aos poucos seus olhos abrem
O cheiro de vida levanta
Como poeira que sobe
Para espirrar a dor
É preciso um tanto de liberdade
Foi quando saiu dos cantos
Removeu suas células perdidas
E pediu socorro
Mal sabia que colocar o vírus para fora
É dar as mãos para as cores
E largar as dores
Julia Duarte
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Para sempre.
“Eu estou pronta para ser feliz”
Disse ela com uma bolsa na mão.
Saiu para ver o mar
Escreveu linhas e linhas na areia.
Esperou a onda apagar
Guardou a lágrima atrás dos olhos
E foi embora para sempre
Disse ao taxista que tinha uma fantasia
Mostrou as pernas tenras
Molhou os lábios com a lingua
Descansou a mão no seio esquerdo
Era dor no coração
Pediu para descer antes
Cobriu as pernas enquanto andava desolada
Quando o vento nasceu de costas para o mar
Veio de repente a força que balançou sua blusa
Como se fosse uma cortina
Foi então que apareceu a janela de sua alma
E ela resolveu voltar para sempre
Julia Duarte
Disse ela com uma bolsa na mão.
Saiu para ver o mar
Escreveu linhas e linhas na areia.
Esperou a onda apagar
Guardou a lágrima atrás dos olhos
E foi embora para sempre
Disse ao taxista que tinha uma fantasia
Mostrou as pernas tenras
Molhou os lábios com a lingua
Descansou a mão no seio esquerdo
Era dor no coração
Pediu para descer antes
Cobriu as pernas enquanto andava desolada
Quando o vento nasceu de costas para o mar
Veio de repente a força que balançou sua blusa
Como se fosse uma cortina
Foi então que apareceu a janela de sua alma
E ela resolveu voltar para sempre
Julia Duarte
Vivo só.
Era uma tarde desesperada
No vento
A porta dançava
Enquanto ele escrevia
Entre virgulas
O nosso amor nascia
Dando adeus a mais uma página
Em branco
Enchia os pulões de mim
No cigarro que segurava com o indicador e o dedão
E apagava na sola da bota
Amontoando um cancer no cinzeiro
“você já pensou em ir embora?’’
Sua voz morreu em meu silêncio
Ele é que pensava em partir
Hoje sei o covarde que era
Antes de dormir ao meu lado
Mal me olhava no olho
“Eu te amo”
E o amor dele morria quando terminava de pronunciar o “o”.
Sequei de amor
E vivo só
Não me amo mais do que um segundo
Que acaba quase antes de começar.
Julia Duarte
No vento
A porta dançava
Enquanto ele escrevia
Entre virgulas
O nosso amor nascia
Dando adeus a mais uma página
Em branco
Enchia os pulões de mim
No cigarro que segurava com o indicador e o dedão
E apagava na sola da bota
Amontoando um cancer no cinzeiro
“você já pensou em ir embora?’’
Sua voz morreu em meu silêncio
Ele é que pensava em partir
Hoje sei o covarde que era
Antes de dormir ao meu lado
Mal me olhava no olho
“Eu te amo”
E o amor dele morria quando terminava de pronunciar o “o”.
Sequei de amor
E vivo só
Não me amo mais do que um segundo
Que acaba quase antes de começar.
Julia Duarte
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
Para não perder o costume
O meu peito dói quando eu toco
E eu sempre toco
De cinco em cinco minutos
Dou uma cutucada
E eu sempre toco
De cinco em cinco minutos
Dou uma cutucada
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