quarta-feira, 15 de abril de 2009

O que eu tenho.

Tenho uma alegria
tímida

Um alívio
na fila de espera

Uma palavra
para um amigo

E outras tantas
escondidas

Tenho poetas
empilhados

Traços
declarados

Uma família
para atender

E uma folha de papel
para me ouvir.


Julia Duarte.

sábado, 4 de abril de 2009

No dia que o Diabo olhar para mim.

Mudo
Com tudo que carrego no bolso:
um par de luvas,
um caderno e dois terços.

Um terço é para pedir
o outro, para agradecer.
De joelhos
em cima da capa-dura.

Quando as luvas
Abraçam os dedos
Prorrogo
as marcas das digitais

Pelo menos
Até que as dobradiças façam reverência
As portas se abram
E o tapete se alongue no chão

Quero um jardim
Cheio de plantas
E sombras

Uma carruagem
Cheia de cavalos
E convidados.

Quero servos
Sem cérebros
E dentes

Uma dama de honra
Com a bandeja na extensão do braço
Oferecendo-me

A minha coroa.



Julia Duarte.