quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pronto, falei.

Seus cabelos
abrem portas
e batem pernas

Se apresentam
e representam
um sonho vencido

Do alto
ela me convida
para um passeio

Na sua carne
Deito de olhos
abertos

Descubro
o que ela guarda
embaixo da roupa

Sua pele
segue minha língua
Sem atalhos

Fico horas e horas
sentindo seu corpo
igual ao meu

A água na cabeceira
me faz ter certeza
que ainda sou eu

Por mais um dia.


Julia Duarte.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Um poema para uma irmã chamada Joana.

Não seja mãe
sem ter dado a luz

Desenhe aquilo
que você pode contornar

Na hora de rezar
pense em você

Arranque da carne
o prazer entrelaçado nas costelas

Sopre o pó
dos seus pés aprisionados

Caminhe
Pisoteando o tic-tac

Você pode
o que quiser

Sua estrutura é maior
que a carcaça

O alcance de seus olhos
se faz pequeno

Como qualquer
ser humano em demasia

Não acoberte com os cílios
a vista da vida

Bata na minha porta
para um café forte

E acorde para nascer de novo
só para você.


Julia Duarte.