terça-feira, 15 de março de 2011

Ausência

Eu sei que não falamos
calamos no primeiro ato
no segundo e no terceiro

Eu sei que nos amamos
e nos contemos
na alegria, na tristeza e na beleza

Faltaram palavras
transportando um aviso
mesmo que tímido

Do inteiro
me sobrou meio

Da verdade
me sobrou o silêncio

Da esperança
me sobrou a reza

De você
me sobrou lembranças

De tudo que doei,
não sobrou nada.

Julia Duarte

3 comentários:

Anônimo disse...

lindo, emocionane, apertou o peito
nena

luiz gustavo disse...

estações


des
maio
um rio de pedras
que atormenta ornamenta
minha alma de lesma a mesma
a esmo estou só sem dó ou pó eu mesmo
desvario onde várias acácias
em silêncio sob uma chuva
miúda de maio
jazem

já não há
mais flores ou cores
entre os ramos pois é maio
um arrepio de frio um pio de pássaro
um espaço vazio entre um passo ao abismo
o istmo passado o ninho esfarrapado
o arame farpado do meu coração
a cor do céu em combustão
a flor-de-maio
é fria

caio
no labirinto
do poço onde sinto e ouço
estrias n'água minhas pálpebras
vazias estão as estrelas e são elas entre
os elos destes dédalos os halos
são tão belos nos cabelos
nos capins carmins
odor de jasmim
em mim


soletro
o nome árido
desventro o vento úmido
onde as letras são escarlates escritas
como um fio de lâmina explícita
a escorrer um rio que cresce
e ainda nem chegamos
a ver o arco-íris
em maio

é frio
e mais que
todos frios outonais
escuto omissos risos
dentro em mim solertes segredos
sentidos flertes urdidos nós de sais
e vais assim mesmo de soslaio
sem pedir teu perdão
pois não é maio
é abril

Julia Duarte disse...

Que lindo!