terça-feira, 11 de outubro de 2011

Fim

O começo
tem uma ausência de peso
porque não há bagagem conjunta

é tudo
“daqui pra frente”
em um horizonte virgem

A delicadeza
da descoberta
é humana no sentimento

O presente não é nada
além do encontro
de duas verdades

Mas o tempo mente

E então,
nasce a capacidade
de inventar o futuro

Planejar a felicidade
como se não existisse
espontaneidade

Como se consequência
fosse palavra nula
no dicionário do coração

Os amores se perdem
quando o desejo é ensaiado




Julia Duarte

Um comentário:

Mauro Lúcio de Paula disse...

Júlia,
que belo poema. Parece inventário de uma relação que começou no fim. Tinha todos os ingredientes do infinito: "capacidade de inventar o futuro", espontaneidade e verdade. E que a dor dure o tempo suficiente para a cura. Parabéns!